No dia 17 de maio, comemora-se o Dia Internacional de Combate à LGBTfobia. Há exatos 29 anos, em 17 de maio de 1990, a Assembleia Geral ...
No dia 17 de maio, comemora-se o Dia Internacional de Combate à LGBTfobia. Há exatos 29 anos, em 17 de maio de 1990, a Assembleia Geral da Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou oficialmente que “a homossexualidade não constitui doença, nem distúrbio”. A saída da homossexualidade do catálogo de doenças foi uma grande vitória da comunidade LGBT. Infelizmente, o Brasil ocupa um dos primeiros lugares no ranking de países com maior índice de violência homofóbica. Por esse e outros motivos que devemos lutar por acesso à educação de qualidade, pois informação liberta. Por isso que devemos lutar por políticas públicas de enfrentamento à violência e exigir a criminalização da homofobia. A Rede de Bibliotecas Comunitárias "Sou de Minas, Uai" vem, nesse dia, indicar 11 livros com temática LGBT. A literatura como arma contra processo de invisibilidade das minorias e como instrumento de humanização de todos, independente da orientação sexual.
1 - Me Chame Pelo Seu Nome de André Aciman (Editora Intrínseca, 2018)
A casa onde Elio passa os verões é um verdadeiro paraíso na costa italiana, parada certa de amigos, vizinhos, artistas e intelectuais de todos os lugares. Filho de um importante professor universitário, o jovem está bastante acostumado à rotina de, a cada verão, hospedar por seis semanas na villa da família um novo escritor que, em troca da boa acolhida, ajuda seu pai com correspondências e papeladas. Uma cobiçada residência literária que já atraiu muitos nomes, mas nenhum deles como Oliver. Elio imediatamente, e sem perceber, se encanta pelo americano de vinte e quatro anos, espontâneo e atraente, que aproveita a temporada para trabalhar em seu manuscrito sobre Heráclito e, sobretudo, desfrutar do verão mediterrâneo. Da antipatia impaciente que parece atravessar o convívio inicial dos dois surge uma paixão que só aumenta à medida que o instável e desconhecido terreno que os separa vai sendo vencido. Uma experiência inesquecível, que os marcará para o resto da vida. Com rara sensibilidade, André Aciman constrói uma viva e sincera elegia à paixão, em um romance no qual se reconhecem as mais delicadas e brutais emoções da juventude. Uma narrativa magnética, inquieta e profundamente tocante.
2 - Will & Will: um nome, um destino de John Green e David Levithan (Galera Record, 2014)
Primeiro livro com personagens gays a figurar na lista do New York Times Em uma noite fria, numa improvável esquina de Chicago, Will Grayson encontra... Will Grayson. Os dois adolescentes dividem o mesmo nome e a dor do coração partido. Um Will é amigo do mais expansivo gay de sua escola. O outro precisa explicar à própria mãe sua orientação sexual. Até que Tiny, o melhor amigo gay do primeiro Will, acaba se tornando o possível amor do outro Will. Apesar das origens completamente diferentes, esses inesperados encontros fazem com que os meninos de mesmo nome estejam prestes a embarcar juntos em uma aventura de épicas proporções. Amor adolescente, intriga, raiva, sofrimento e amizade. Tudo isso temperado com doses maciças de comédia.
3 - Garoto encontra Garoto de David Levithan (Galera Record, 2015)
Do coautor de Will & Will - Um nome, um destino e Todo dia Paul estuda em uma escola nada convencional. Líderes de torcida andam de moto, a rainha do baile é uma quarterback drag-queen, e a aliança entre gays e héteros ajudou os garotos héteros a aprenderem a dançar. Paul conhece Noah, o cara dos seus sonhos, mas estraga tudo de forma espetacular. E agora precisa vencer alguns desafios antes de reconquistá-lo: ajudar seu melhor amigo a lidar com os pais ultrarreligiosos que desaprovam sua orientação sexual, lidar com o fato de a sua melhor amiga estar namorando o maior babaca da escola e, enfim, acreditar no amor o bastante para recuperar Noah.
4 - Dois Garotos se Beijando de David Levithan (Galera Record, 2015)
Do mesmo autor do best-seller Will & Will e Todo dia Do lado de fora da escola, ao ar livre, rodeados por câmeras e por uma multidão que, em parte apoia e em parte repudia o que estão fazendo, Craig e Harry estão tentando quebrar o recorde mundial do beijo mais longo. Craig e Harry não são mais um casal, mas já foram um dia. Peter e Neil são um casal. Seus beijos são diferentes. Avery acaba de conhecer Ryan e precisa decidir sobre como contar para ele que é transexual, mas está com medo de não ser aceito depois disso. Cooper está sozinho. Passa suas noites em claro, no computador, criando vidas falsas online e seduzindo homens que jamais conhecerá na vida real. Mas quando seus pais descobrem seu passatempo proibido, o mundo dele desaba. Cada um desses meninos tem uma situação diferente. Alguns contam com o apoio incondicional da família, outros não. Alguns sofrem com o bullying na escola, outros, com o coração partido. Mas bem no centro de todas essas histórias paralelas está o amor. E, através dele, a coragem para lutar por um mundo onde esse sentimento nunca seja sinônimo de tabu.
5 - Simon Vs. A Agenda Homo Sapiens de Becky Albertalli (Intrínseca, 2016)
Simon tem dezesseis anos e é gay, mas ninguém sabe. Sair ou não do armário é um drama que ele prefere deixar para depois. Tudo muda quando Martin, o bobão da escola, descobre uma troca de e-mails entre Simon e um garoto misterioso que se identifica como Blue e que a cada dia faz o coração de Simon bater mais forte. Martin começa a chantageá-lo, e, se Simon não ceder, seu segredo cairá na boca de todos. Pior: sua relação com Blue poderá chegar ao fim, antes mesmo de começar. Agora, o adolescente avesso a mudanças precisará encontrar uma forma de sair de sua zona de conforto e dar uma chance à felicidade ao lado do menino mais confuso e encantador que ele já conheceu. Uma história que trata com naturalidade e bom humor de questões delicadas, explorando a difícil tarefa que é amadurecer e as mudanças e os dilemas pelos quais todos nós, adolescentes ou não, precisamos enfrentar para nos encontrarmos.
6 - O Fim de Eddy de Édouard Louis (Tusquets Editores, 2018)
Uma infância no inferno: a angústia de um garoto obrigado a enfrentar a crueldade e o conservadorismo de uma comunidade no interior da França “Todas as manhãs, enquanto me arrumava no banheiro, eu repetia a mesma frase sem parar, tantas vezes que ela terminaria por perder o sentido, passaria a não ser mais do que uma sucessão de sílabas, de sons. Eu parava e retomava a frase: Hoje eu vou ser um durão. Eu me lembro porque eu repetia exatamente aquela frase, como se faz com uma oração, com aquelas exatas palavras – Hoje eu vou ser um durão (e eu choro enquanto escrevo estas linhas: choro porque eu acho essa frase ridícula e horripilante, essa frase que, durante anos, me acompanhou e que de certa forma ocupou, não creio que haja exagero em dizer isso, o centro da minha vida).” O fim de Eddy, romance autobiográfico de uma das mais proeminentes vozes da nova literatura francesa, desvela o conservadorismo e o preconceito da sociedade no interior da França. De forma cruel, seca e sufocante, a violência e a amargura de uma pequena cidade de operários se contrapõem à sensibilidade do despertar sexual de um garoto, estabelecendo um paralelo direto com as experiências do próprio autor.
7 - One Man Guy de Michael Barakiva (Leya, 2015)
Um romance sobre dois garotos, dois mundos e um encontro. Ethan é tudo o que Alek gostaria de ser: confiante, livre e irreverente. Apesar de estudarem na mesma escola, os dois garotos pertencem a mundos diferentes. Enquanto Ethan é descolado e tem vários amigos, Alek tem apenas uma, Becky, e convive intensamente com sua família e a comunidade armênia. Mesmo com tantas diferenças, os destinos de Ethan e Alek se cruzam ao precisarem frequentar um mesmo curso de férias. Quando Ethan convence Alek a matar aula e ir a um show de Rufus Wainwright no Central Park, em Nova York, Alek embarca em sua primeira aventura fora de sua existência no subúrbio de Nova Jersey e da proteção de sua família. E ele não consegue acreditar que um cara tão legal quer ser seu amigo. Ou, talvez, mais do que isso. One Man Guy é uma história romântica, comovente e engraçada sobre o que acontece quando as pessoas saem de suas zonas de conforto e ajudam o outro a ver o mundo (e a si mesmo) como nunca viram antes. “Só sei que gosto de estar aqui com você e não consigo me imaginar querendo mais ninguém. Isso basta para você?”
8 - Azul é a cor mais quente de Julie Maroh (Martins Fontes, 2013)
O livro conta a história de Clementine, uma jovem de 15 anos que descobre o amor ao conhecer Emma, uma garota de cabelos azuis. Através de textos do diário de Clementine, o leitor acompanha o primeiro encontro das duas e caminha entre as descobertas, tristezas e maravilhas que essa relação pode trazer. A novela gráfica foi lançada na França em 2010, já tem diversas versões, incluindo para o inglês, espanhol, alemão, italiano e holandês, e ganhou, em 2011, o Prêmio de Público do Festival Internacional de Angoulême. Em tempos de luta por direitos e de novas questões políticas, AZUL é a COR MAIS QUENTE surge para mostrar o lado poético e universal do amor, sem apontar regras ou gêneros.
9 - Flores Raras e Banalíssimas de Carmem Lúcia Oliveira (Editora Rocco, 2011)
Na década de oitenta, ao ler esta dedicatória em livro de Elizabeth Bishop para Lota de Macedo Soares, a escritora Carmen L. Oliveira ficou intrigada - ´...Lota?´, indagou-se. Em 1966, na pós-graduação nos Estados Unidos, conheceu a obra de Bishop, famosa poeta americana, e ficou surpresa ao saber que, naquela época, as duas moravam no Brasil. Mas quem era Lota? No início dos anos noventa Carmen descobriu que Maria Carlota Costallat de Macedo Soares foi uma esteta brasileira, que concebeu e construiu o Parque do Flamengo, enorme contribuição para a cidade do Rio de Janeiro. A publicação nos Estados Unidos do livro One art, que reúne a correspondência de Bishop, revelou a ligação amorosa das duas, que durou de 1951 a 1967. Nas biografias lançadas sobre a poeta, a esteta brasileira aparece como her lover, sempre em segundo plano. Simultaneamente, Carmen descobria em Lota um dos mais fascinantes, insólitos e raros personagens brasileiros deste século, que caiu em total anonimato. Neste livro, a autora conta a relação das duas e a criação do Parque do Flamengo. E ao contrário das biografias norte-americanas, que priorizam Bishop, o livro focaliza Lota e as figuras que junto com ela construíram a história recente do Rio de Janeiro e do Brasil. Segundo a autora, a relação das duas pode ser dividida em duas fases. Nos primeiros dez anos foram felizes e assumiram sua homossexualidade com surpreendente naturalidade para a época. A partir de 1961, a obsessão de Lota pela conclusão do Parque do Flamengo e a crescente instabilidade emocional de Bishop contribuíram para que enfrentassem uma forte crise até 1967. Muito além de um caso amoroso, o livro revela trechos inéditos da história do país: as discussões de Lota com o governador Carlos Lacerda, a briga com o arquiteto Sérgio Bernardes, a rivalidade com Burle Marx, a presença de Manuel Bandeira, Clarice Lispector, Portinari, Carlos Scliar, Rachel de Queiroz e Carlos Drummond de Andrade. Mas sua principal contribuição é o resgate de Lota, consciência de vanguarda que combateu a fúria imobiliária e a intervenção nos monumentos naturais do Rio de Janeiro. Lota conseguiu pela primeira vez no país que um projeto urbanístico fosse tombado.
10 - Ricardo e Vânia: o maquiador, a garota de programa, o silicone e uma história de amor de Chico Felitti (Todavia Editora, 2019)
Uma das reportagens de maior repercussão nos últimos tempos, a história de Ricardo – apelidado ofensivamente de “Fofão da Augusta” – surge retrabalhada a partir de uma nova descoberta: a trajetória de Vânia, sua namorada.Em 2017, um leito do Hospital das Clínicas de São Paulo foi ocupado por um homem sem identidade. Há vinte anos, ele circulava pela região das ruas Augusta e Paulista, onde liderou uma trupe de palhaços, distribuiu panfletos e pediu esmolas. Sua aparência lhe rendeu a alcunha de Fofão da Augusta e o status de lenda urbana. Por trás do apelido ofensivo estava um cabelereiro disputado nos anos 1970 e 1980, que falava francês e inglês, era esquizofrênico, foi drag queen, artista de rua, teve dinheiro e frequentou o underground. Chico Felitti se empenhou em conhecer sua história e, depois de quatro meses de investigação, publicou uma reportagem que viralizou. Em poucos dias, mais de 1 milhão de pessoas souberam o nome por trás do rosto remodelado por um litro e meio de silicone e cirurgias plásticas: Ricardo Correa da Silva. Logo viriam outros personagens e relatos atravessados pela trajetória de Ricardo. Sobretudo Vânia Munhoz, brasileira radicada na França, que um dia se chamou Vagner e foi o amor de sua vida.
11 - Voragem de Junichiro Tanizaki (Companhia das Letras, 2001)
Nesta que é uma das obras-primas de Tanizaki, Sonoko Kakiuchi narra os acontecimentos que quase a levaram à morte (mas antes da última linha o leitor não saberá ao certo qual é a história que ela tem a contar). Mimada, voluntariosa e talvez ingênua, Sonoko se deslumbra com a beleza de Mitsuko, uma estudante de artes. Sem se importar com boatos e com as objeções de Koutaro Kakiuchi, seu marido, arranja situações propícias ao contato íntimo com a amiga. Usa o quarto do casal como ateliê e passa horas ali dentro, fechada com Mitsuko, a pretexto de pintar um retrato que nunca termina. Sonoko parece conseguir tudo o que quer. Mitsuko, porém, não demora em exibir atitudes sistematicamente fraudulentas. Acuada por um amante chantagista, suas mentiras se sucedem, aprisionando uma Sonoko cada vez mais apaixonada. Consolidada como crueldade, sua sedução avança sobre o próprio Koutaro, concedendo-lhe prazeres a que ele não queria resistir. Mitsuko, Koutaro e Sonoko corrompem e se deixam corromper. Obedientes à lógica implacável da perversão, tudo o que podem fazer é se entregar obsessivamente a seu abismo trágico. Como quem se regalou em ser escravizada, Sonoko dirá ao terminar o relato: "Quando penso em Mitsuko, não é ódio ou ressentimento o que sinto, mas saudade, tanta, tanta...".